Pesquisar este blog

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O TEMPO NOS CONFORTA

Quando olho para algum tempo atras percebo que algumas escolhas, sobretudo aquelas que mais interfeririam em minha  vida ,teriam prejudicado grandemente, não só a mim mas também aqueles que me cercam de uma forma ou de outra.. Essas escolhas, se não concretizadas, agradeço a Providência Divina- você pode chamar do que quiser, conforme a sua crença-, . Hoje nas minhas orações agradeço a DEUS  de todo coração, por não haver tomado certas decisões que na época me pareciam verdadeiras.

Digo que o tempo nos conforta e é através dele que compreendo as ações, porque não dizer, as mãos de Deus nos guiando, mostrando que nem sempre aquilo que queremos ardentemente nem sempre irá nos beneficiar no futuro. É preciso aprendermos com essas percepções e de vez em quando pararmos, olhar para trás, refletirmos  e ver o quanto somos felizes, diz um ditado : "O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO",



quarta-feira, 13 de julho de 2011

PARA MINHA MAMÃE

FRUTO DE UMA ÁRVORE DISTANTE
DESCONHECIDA!
SEMENTE, COMO TANTAS, AS VÊZES DESPERCEBIDA,
INCOMPREENDIDA!

SEMENNTE JOGADA EM QUALQUER LUGAR!
SEM CUIDADOS CRESCEU,
NÃO FOI FRONDOSA, TALVEZ PELA FALTA DE QUEM A REGASSE!
MAS FOI PERSISTENTE
POR TANTAS INTEMPÉRIES EXISTENTES;

ENFRENTASTES MUITAS TEMPESTADES,
VÁRIOS OUTÕNOS E MUITAS PRIMAVÉRAS
MAS ESSE, ANO TUAS FOLHAS MAIS UMA VEZ CAIRAM
ESPEREI NOVA PRIMAVERA, MAS NÃO REFLORECESTE
CHOREI!

NÃO DARAS MAIS SOMBRAS, NÃO PROPORCIONARÁIS MAIS VENTOS
NÃO SERÁS MAIS REFERÊNCIA
AOS QUE CAMINHARAM NA TUA ESTRADA
NÃO DARÁS MAIS ABRIGO AOS FRUTOS QUE FICARAM PERTO DE TÍ

EU, TEU FRUTO, QUE FLORECÍ DISTANTE!
NÃO ESQUECI O TEU AMOR
SEM SABER, DEIXASTE QUE O SOL ME GERMINASSE
E QUE AS TEMPESTADES CULTIVASSEM O SEU AMOR

NUNCA TIVE A TUA SOMBRA
ENTRETANTO LEVO COMIGO
A SEIVA DA PERSISTÊNCIA DA CORAGEM E DA PRUDÊNCIA
QUE FORTALECERAM A TUA RAIZ

QUEM SABE NASÇA MAIS UMA VEZ
COM CERTEZA ESCOLHERÁS O MESMO SÓLO INFERTIL
O MESMO CAMINHO, A MESMA ESTRADA
NÃO PRECISARAS SER FRONDOSA

QUEIRERÁS SER FORTE,PERSISTENTE
COMO AS ÁRVORES DE TERRA FIRME
ESCOLHERÁS MAIS UMA VEZ O TEMPO
COMO AMIGO DA TUA EXISTÊNCIA
PRA TE CONSOLAR DOS FRUTOS QUE CAIRAM,
NÃO AMADURECERAM MAS APODRECERAM;
TALVEZ A TUA PEQUENA SOMBRA
NÃO DEIXOU O SOL ENTRAR.

domingo, 10 de julho de 2011

É PRECISO VIVER E SABER VIVER

Se não fosse um dia de chuva não saberiamos contemplar um lindo dia de sol; se não fosse a tristeza jamais teriamos o sabor da alegria; e o que dizer das nossas vitórias elas só tem valor por causa das derrotas.

Da mesma forma só se valoriza a vída quando se constata a morte. Quando se perde um ente querido, um pai, mãe um parente qualquer, sentimos uma grande sensação de impotência sobre os fatos naturais da nossa existência. Normalmente pensamos, com relação a perda, deveria ter feito mais, deveria ter amado mais, ter dado mais atenção, cuidado mais, perdoado mais.

Contudo penso que nada mais podemos fazer a não ser vivermos intensamente, cada dia, cadamomento. Vejo nas perdas, não aquilo que eu poderia ter feito, mas sobretudo o que eu posso fazer por mim e pelo meu próximo enquanto vivo. "gabriel Garcia Marques" já dizia :"Tenho pena de morrer"

A morte enaltece a vida, precisamos VIVER E SABER VIVER.



domingo, 19 de junho de 2011

A FELICIDADE É UMA ARTE

Ser Feliz é o propósito de Vída de Todo ser humano isso é o que afirma Dalai Lama em seu Lívro "A arte de Ser Feliz", mas também é uma escolha. Devemos sempre escolher sermos alegres mesmo nas adversidades que passamos pela vida .

Escolho a contemplação como uma purificação do meu espírito. para mim, não existe coisa melhor do que contemplar pela manhã todo o cenário que a natureza nos oferece e o que é mais interessante, tudo isso é gratuíto.

As pessoas vivem falando da tristeza delas, exageram, enfeitam fazem-na parecer maior. Fazem-na parecer maior que a vida delas, parece não haver outra escolha a não ser serem morbidas, deprimidas e infelizes. A tristeza é tudo que conhecem- é a vída delas. E se você está por perto e optou por ser feliz, você incomoda. Incomoda por que é diferente se tornou um alienigena, ousou ser diferente, isto é, arriscou ver a vída de uma outra forma, a ver as adversidades de uma outra perpectiva, buscou ensinamentos aprendizados para seguir em frente e isso é bonito.

Comigo a felicidae vem em primeiro, a alegria vem em primeiro. Uma atitude de celebração vem em prmeiro. Uma filosofia que afirma a vida vem em primeiro lugar.

Lembre-se ninguém pode decidir por você. Todos os mandamentos, todas as ordens, todas as moralidades, só servem para matar você. Você é quem tem que decidir. Você tem que tomar a sua vída nas próprias mãos. Do contrário, a vida vem bater à sua porta e voce nunca está em casa- estará sempre em outro lugar. Brinque com seus erros, goze das suas tristezas e você verá que tudo melhora. Por que o DEUS que eu conheço quer me ver sempre sorrindo e FELIZ









sábado, 12 de fevereiro de 2011

SEVERINO BOM DE BRIGA

“A cura de todos os medos passa pelo enfrentamento”

Estava certa tarde de um por do sol lindo, onde os seus raios avermelhavam as nuvens em contraste com um céu bem azulado, deveria ser umas 17:50h de uma quinta-feira do mês de Setembro, aliás é a época mais quente aqui em Manaus, a temperatura se eleva de 38 a 40 graus, quase todas as tardes, quase não chove nesse período. Já estava degustando o meu café e contemplando aquele final de tarde fantástico, queria mesmo era que aquele momento não passasse, foi quando me veio a lembrança um dia lindo lá em Maceió-Alagoas, quase igual a este, se não fosse o mar de lá e as nossas matas verdes daqui. E junto com as lembranças de Maceió, me lembrei com muita saudade de “SEVERINO”, ao contrário do que o título possa querer intuir, vez que foi de propósito para chamar atenção do caro leitor, o Severino era e ainda deve ser, “bom de briga pela vida e para vida - no aspecto de sobrevivência”
Estive no mês de Março de 2010 em Maceió e a cada ano levo em mente disseminar informações sobre a Amazônia, mais precisamente de Manaus onde resido e, mais que isso, fazer amigos, conhecer as peculiaridades das regiões que visito, até porque entendo que não se deve viajar só por viajar. Deslocamento a outras localidades significa interação cultural na medida em que se olha e contempla as maravilhas da natureza e de seus habitantes.

Pois bem, estava em Pajussara, próximo a praça dos 7 coqueiros por volta das 10:00 hs da manhã de uma linda sexta-feira, sol bonito, essa praia não tem ondas elevadas é um mar tranqüilo em razão dos arrecifes que ficam ao longo da costa, isto é, as ondas fortes quebram bem lá fora da praia. É um lugar muito bonito!. Eu estava ali maravilhado com aquela beleza mais com certa fome, foi aí que ao olhar para a minha direita me apareceu aquele rapaz de pele bem escura, talvez pela exposição ao sol na praia, de boné azul, camisa de listas horizontais e bermuda azul com óculos escuros e descalço como vemos aí na foto, acho que não tem mais que 30 anos. Veio na minha direção e perguntou: “O senhor não quer comprar caldinho?”,  retruquei caldinho de que?, até porque a palavra caldinho atiçou ainda mais a minha fome, um amazonense não vive sem um bom caldo de peixe!, ele me respondeu: “Caldinho de Feijão”!, fiquei curioso para saber como ele vendia caldo de feijão alí na praia e como lhe ocorreu tal idéia, simultaneamente perguntei o seu nome, a fim de me familiarizar:

- “Pois bem, meu nome é Severino e sou lá de Pernambuco”

- E o meu é Mário e sou de Manaus- Amazonas estou visitando Alagoas mais uma vez e o que tu viesse fazer aqui em Maceió cara?

- “Mais o senhor não quer provar o meu caldinho é R$ 1,50 o copo de 200ml, sem o complemento de torresmo com o coentro (aqui em Manaus nós conhecemos como cheiro verde, é uma espécie de folhas miúdas muito aromáticas que dá um gosto especial ao caldo de peixe), com eles é R$ 2,50, qual o senhor prefere?”

- Vi que para continuar a conversa tinha que consumir o seu caldinho e como estava com fome mesmo, pedi um de R$ 1,50; ele foi me servindo ao tempo em que ia se agachando para iniciarmos a conversa e já foi dizendo: “Oxe! já está acabando e ainda é só 10:00hs. Eu trouxe hoje 8 litros" - (Conservava o caldo num recipiente térmico que comportava entre oito a dez litros).

Provei o caldo quentinho, uma delícia com gosto de feijoada, para mim que sou do norte, só faltava a farinha...!

Aí o Severino emendou a conversa, enquanto eu degustava o seu saboroso caldo, "Pronto! O Sr. queria saber mesmo como vim parar aqui?, Pois bem! Deixa lhe dizer, na verdade eu não vim direto para cá, fui primeiro para a Bahia porque eu não sou da capital de Pernambuco eu sou do interior de lá e a minha família é muito pobre somos num total de 8 irmãos, ai eu ficava pensando, se continuar por aqui vamos morrer de fome, porque não tem comida pra todo mundo, naquele tempo ainda não tinha o bolsa família, ficava difícil pra sobreviver, não tinha trabalho e quando chegava a seca não havia como plantar, era muito difícil mesmo, foi ai que eu pensei em ir embora, deveria ter meus 18 anos, tinha que sair de lá para sobreviver. Na verdade seu Mário eu fui quase obrigado, meu pessoal ainda está por lá de vez em quando ligo para eles, acho que não volto mais não, mais se pudesse estaria com meus país e toda a minha família, gosto muito deles". (fez uma pequena pausa, intuindo uma saudade)

Enquanto ele falava ficava lhe observando, não mostrava tristeza, pelo contrário demonstrava garra pela vida, vontade de viver, na verdade, deixava transparecer certa felicidade por haver vencido uma barreira, isto é, chegar a centros mais desenvolvidos, sem ter ninguém da família que pudesse socorrê-lo em uma eventual adversidade, e, a partir daí vislumbrar novas oportunidades de trabalho.

Continuou! dessa vez, mais entusiasmado talvez por perceber a minha admiração que é quase normal no povo nordestino: “Chegando na Bahia fui trabalhar de cozinheiro, era auxiliar de cozinha e aprendi a fazer algumas comidas, mas o feijão foi o que mais gostei de fazer, arranjei uma mulher resolvemos nos casar e viemos para Alagoas, chegando aqui fomos morar alugado, passamos três meses pagando o aluguel em dia, depois começou a atrasar porque fiquei desempregado, um dia minha esposa saiu para ir atrás de emprego, pois, não tínhamos nada para comer em casa, ai disse a ela: não se preocupe quando você voltar vai ter o que comer, fiquei em casa pensando! o que sei fazer de bom é um bom feijão, e só tem um jeito para sair dessa situação, é fazer caldo para vender, dessa forma peguei um resto de dinheiro que tinha e fui comprar 1kg., fiz um caldo e me preparei para ir vender, tinha que arrumar algum dinheiro naquele dia, mas estava muito inibido para sair de casa com aquele balde de feijão, estava na verdade com vergonha dos vizinhos e amigos da esquina, mas não tinha outro modo ou eu saia ou era expulso pelo dono da casa e quem sabe até a mulher me deixasse!, criei coragem saí, não andei uns 20m de casa , quando meus amigos, que estavam tomando uma cerveja na esquina, me avistaram e me chamaram!

- Ei Severino, vai fugindo pra onde? O que tu levas ai nesse balde?

- Disfarçando disse: não é nada não é água!

- Água? Deixa a gente vê!

- mesmo relutando e com vergonha abri o balde, saindo um cheirinho gostoso do feijão, ai eles disseram : Tu vais vender não é? Deixa o balde por aqui mesmo que a gente compra pra tirar o gosto, pelo cheiro deve estar muito gotoso! Pronto! Ali mesmo já me pagaram R$ 50,00 pelo caldo de feijão, quando a mulher chegou em casa já tinha pão, leite, banana e carne; Ai ela me disse: Oxe! Severino? Tu andaste roubando homem? Onde tu arranjaste dinheiro pra comprar tudo isso? Contei-lhe toda a história, ela me abraçou deu-me um beijinho: "É Severino, DEUS sempre mostra uma saída pro seus filhos!”. Já no outro dia estava aqui em Pajussara, parece que era num sábado, cheguei aqui às 9:00 hs. Com apenas 3 litros de feijão, porque achava que não ia vender muito, a praia estava começando a encher de gente, na primeiro passeio por ela 2 (dois) turistas me chamaram: o que tu estas vendendo ai? É água?

- Envergonhado ainda, respondi, é não senhor é feijão!

- Feijão? Deixa a gente ver?

Quando abri o balde o cheirinho gostoso exalou forte, ai eles ficaram interessados e disseram: Coloca dois copos pra nós, agente tá com sede mais esse caldo parece estar gostoso!

- Minhas mãos começaram a tremer de nervoso ao serví-los, foi quando um deles me falou: Tá tremendo por quê?

- Respondi, disfarçando lógico: e que eu bebi um pouco ontem e estou com um pouco de “ressaca”, que nada, eu estava era nervoso mesmo. O certo é que - soltou uma risada-, cheguei na praia às 9:00h quando deu 10: 30h não tinha mais caldo, agora continuo por aqui e inventei mais um complemento para que o caldo fique mais gostoso, -mostrou-me uma sacola- aqui está torresmo e estas folhinhas verdinhas moídas (o cheiro-verde)".

Comecei a rir assentindo com a cabeça e apertei sua mão, fiz questão disso, e com reverencia, pois ali na minha frente estava um “guerreiro”, quero dizer um trabalhador humilde, mais guerreiro no sentido literal da palavra e feliz com a vida, muitos pensamentos me passaram naquele momento; por exemplo, quantas pessoas têm um bom emprego e são infelizes, rabugentas e insuportáveis mesmo! Fogem de desafios e na primeira dificuldade desistem, ou então, quantos nascem em berço de ouro (famílias ricas) e no entanto, tornam-se pessoas fracassadas ao longo da vida enveredando pelas drogas passando suas existência como verdadeiros mulambos humanos, verdadeiros fardos para suas famílias.

O Severino era feliz ele transparecia isso, não se sentia um mártir tão pouco um castigado por haver passado por dificuldades quando deixou a sua cidade e família para trás tendo optado por enfrentar novos horizontes, estava feliz por fazer o que escolhera para ganhar a vida, e mais, em uma das praias mais lindas do Brasil, Pajussara - Maceió (AL). Alguns podem dizer, mais isso não é vida, trabalhando numa praia, quais são as perspectivas de futuro? Eu respondo que a única dimensão que nos resta é o presente, isso pode parecer pouco e limitado, contudo se olharmos bem é no presente que se realiza o que mais buscamos, quantos trabalham arduamente na sua juventude acumulam muito dinheiro para gastar quando envelhecerem, no entanto quando aposentam adoecem e todo dinheiro é gasto em tratamento.

Eu tinha uma última curiosidade! Perguntei a ele qual era o município de Pernambuco de onde saíra e pedi-lhe que continuasse os estudos, uma vez que me dissera que havia parado no primeiro grau!

- “Seu Mario sou lá de Garanhus(PE), terra do nosso presidente Lula - interrompi e disse: Cara não é de admirar que você seja um batalhador -, ai ele continuou, eu pretendo estudar, mais o senhor viu aí! Os “Doutor” que ficaram como Presidente, não fizeram nada pelos pobres! Hoje eu ligo pra minha família e eles dizem que tá bom pra lá, todo dia eles comem, tá melhor que antigamente, não é que o Presidente seja da minha terra, mas acho que agora tá melhor, tá mais fácil o emprego e a comida!”

Fiquei calado, pensando por uns momentos! será que a intelectualidade nos tira a sensibilidade? ou será que a experiência no saber viver, isto é, a sabedoria de vida supera a erudição? ali na minha frente estava um homem do povo satisfeito pelo momento que o Brasil passava. Apertei sua mão mais uma vez e me despedi feliz também, porque tinha ganhado o meu dia, não porque havia conhecido a autoridade mais influente de Maceió, isso não me interessa, ao contrário havia trocado idéias e aprendido algumas coisa com um típico trabalhador brasileiro e reafirmado algumas concepções que tenho e uma delas é que: “A vida é uma oportunidade, você pode usá-la, abusar dela ou simplesmente desperdiçá-la, excetuando você, ninguém mais é responsável.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ANTES QUE EU ME ESQUEÇA

Sempre achei que escrever um livro dava uma enorme trabalheira e inquietação, como: paciência, atenção, criatividade etc.

Entretanto após ler vários livros e observar que alguns autores repetem, com outras palavras é claro, as mesmas ideias e assim mesmo são bem aceitos, alguns se tornam até “Best Sellers”. Resolvi escrever este, até porque com mais da metade de um centenário de vida e já ter passado daquela fase em que se acha que o trabalho e competição social são tudo na vida, isto é, a tão falada posição social. Muitos ainda buscam isto, mas podem ter certeza, não vale à pena.

Hoje a minha preocupação é desfrutar a vida, contemplá-la, vivê-la, já escreve “Aneslm Grum” “ A vida é uma oportunidade; você pode usá-la, pode abusar dela, ou simplesmente desperdiçá-la, excetuando você mesmo, ninguém será responsável”.

O tema “Antes que eu me esqueça”, vem bem a propósito, deveria ter escolhido outro, por exemplo, memórias, todavia achei esse tema adequado por uma simples razão, esquecemos de muitos fatos de nossas vidas, acontecimentos bons e ruins, entretanto aprendi na prática o que a Bíblia já ensina há mais de dois mil anos, que "tudo contribui para o nosso crescimento interior".

Um desses acontecimentos que eu jamais esquecerei é a CADEIRA DO MEU PAI, ela tem muito dele, quer dizer era um de seus hábitos, sentar nela toda tarde a partir das 17:00h. Na verdade meu pai era formado em pesquisar a vida dos outros, coisa que alguns acham outro nome. Dessa forma ele colocava alguns codinomes (apelidos) as pessoas com os quais ele mantinha relações de amizades, por exemplo: “Chapeuzinho, pisa-manso, mão-de-sêpo, Cosama (título da Companhia de águas do Amazonas), entre outros. Este último era de uma mulher que deveria, na época, ter uns 60 anos e ela freqüentava assiduamente um BAR que tínhamos lá no Bairro da Glória. Devo explicar que bar era o nome dado na década de 60 aos recintos que vendiam cervejas, cachaças, várias bebidas alcoólicas, com muitas mesas - o nosso Bar tinha umas 60mesas - onde os frequentadores se sentavam a bebericar as suas bebidas preferidas ao som de algum cantor que os fizessem chorar de tanta tristeza, na verdade para melhor entendimento podemos chamar o local de “zona”. Pra se ter uma ideia da nossa clientela, cada desavença que havia era rara as vezes que sobrava uma ou duas mesas inteiras. Dito isso, eu com meus 14 anos, ingênuo diga-se de passagem, perguntei ao meu pai: Por que o apelido de COSAMA ?, num instante em que a mulher ia passando para o sanitário, este próximo do nosso balcão, ele esperou um pouco e respondeu assentindo com a cabeça - escuta o barulho! - na verdade o som que escutei foi de como se tivessem aberto uma torneira de ¾”, concordei com o apelido. Os outros apelidos tem as suas histórias, mais isso é assunto para outro parágrafo. Na verdade meu pai tem mais histórias do que eu, umas que presenciei e outras apenas ouvi falar, mas, deviam ser verdade porque o velho era bem vivido.

Certa feita ele me disse: - meu filho, não tenha medo da vida faça como eu, cheguei aqui em Manaus sozinho, sem ninguém da família que pudesse me ajudar, mas não passei fome não, ia lá pro mercado do centro da cidade (escadaria) entrava pelo lado que tinha banana, fazia que estava interessado em comprar e experimentava 3 ou 4 bananas de diferentes vendedores, o mesmo fazia com a farinha, que ficava do outro lado das bananas, no final do percurso tomava um copo de água e no fim estava com a barriga cheia e isso era quase todo dia até arranjar um trabalho-.

Pois bem, quando meu pai faleceu fiquei com a cadeira de balanço dele que fazia parte da sua pesquisa lembra? Ele se sentava toda tarde em frente de casa e ali iniciava as suas observações. Hoje em dia me dou conta, que as vezes, faço a mesma coisa e aprendi muito com o mestre, o personagens dos contos são fictícios, todavia a histórias e codinomes são verdadeiros. Essas histórias embora hilariante, procuro obter delas verdadeiras atitudes e conceitos sobre a vida, e de como encarar os acontecimentos de forma positiva. Sendo este também uma das razões relevantes do porque escrever estes contos.


A CADEIRA

Uma colher de café é o suficiente, bem cheia, é só para mim, gosto dele com água bem quente sem ser fervida, após ser coado fica mais saboroso e cheiroso, pronto para uma degustação e contemplação, sobretudo ao final da tarde.

Olho para o relógio, está lá em cima, onde estou, na cozinha, parte superior entre duas janelas de estilo colonial inacabada, isto é, falta o reboco em volta das mesmas, elas dão de frente para a porta principal da casa. São aproximadamente 17:50h, apresso-me para coar o café, enquanto isso, procuro a minha toalha de banho, pois é ela que normalmente coloco no encostado da cadeira de balanço. Isso mesmo ali está ela, a cadeira de balanço do meu pai que agora é minha e, é revestida do que se chama (aqui em Manaus) de “macarrão”, talvez pela semelhança dos fios de plásticos que revestem as cadeiras desse tipo, com os fios de macarrão, entretanto não é uma cadeira comum como encontramos hoje, quero dizer que as cadeiras atuais embora muito bonitas são muito frágeis, o ferro que a constitui são daqueles com os quais se constrói colunas residenciais (vergalhão 3/16). Quando estava com meu velho era azul. Após 4 anos de falecido numa das visitas que faço sempre a minha mãe eu a vi, abandonada, toda suja jogada mesmo num canto da casa, entretanto o ferro ainda estava e está bem conservado, contudo, os cordões de plásticos estavam quase todos arrebentados. Com a permissão da minha mãe , trouxe-a para casa, pintei-a de vermelho e a revesti com fio da mesma cor e agora ela me acompanha também a fazer boas amizades, como também algumas decepções.

A minha casa é bem simples, quase sucumbida pelas árvores que estão na sua frente, descrevo: uma árvore semelhante a uma pitombeira bem à esquerda, bem próximo a ela uma goiabeira, acerola, na mesma direção à direita, 1,5m de distância; araçá-boi  (uma espécie de goiaba, muito azeda) a uns 3,0 m, na mesma direção à direita; ao seu lado uma porta de 1,20m e em seguida a garagem, que tem sobre ela uma trepadeira que dá flores vermelhas muito cheirosa, que a minha esposa dedicou a Nossa Senhora, tudo isso numa frente de muro de 10,0m de largura, constituído de 1,0m de concreto revestido de lajota marrom e a altura é completada com grades com estilo de flexa, pintada de vermelho. O sol se põe pelo lado da frente, proporcionando sombra da aceroleira na calçada, com 1,10m de altura, defronte a rua. É ai que coloco a cadeira a partir das 17:30h, tomando um cafezinho contemplando tanto a beleza do por do sol e as nuvens avermelhadas, como as tapumas brancas e cinzentas das tardes nubladas, com o cheirinho de mato molhado. Sentado ali fico observando as pessoas e carros que vem e vão, fico ali muitas vezes até as 19:00h, quando, às vezes, passo despercebido, razão a sombra da aceroleira, apesar da luz que fica no poste bem a esquerda da minha casa do outro lado da rua.


CHICO MANTA

Precisamos acreditar na força interior e infinita dada por DEUS, ou melhor “TUDO É POSSÍVEL AQUELE QUE TEM FÉ”.

Cabelos bem grisalhos - nunca perguntei a sua idade, mas deve ter entre 50 a 60 anos -, cor amarelada, queimada pelo sol, conseqüência da profissão de pedreiro, tem 1,60m aproximadamente e é evangélico. Esse é o “Chico Manta”, que conheço há uns 3 anos. Quando vai para a igreja, normalmente aos sábados, pela manhã, veste-se como um doutor: camisa de punho e calça de tergal, quando passa por mim, normalmente entre 8 e 9hs. Eu indago;

- E ai Chico! Tudo bem?

- Tá sim!

- Vai pra igreja?

- Vou, sabe como é, temos que agradecer o nosso “DEUS”

- É verdade Chico!

As vezes ele para um pouco, questão de 15 à 20 minutos e então fala sobre seus clientes:

“Rapaz! Tu sabes! Fui fazer um orçamento pra uma doutora lá no centro, já fiz muito trabalhos para ela, OH mulherzinha difícil de se fechar um negócio. Você me acredita que ela me chamou para reformar uma sala lá no centro (de Manaus), na rua 24 de Maio; fui só pra ganhar o do peixe, pra não ficar sem trabalho, pelo tamanho da reforma, cobrei R$ 8.000,00, se cobro menos eu é que ia pagar pra trabalhar. Você me acredita que ela tirou daqui, dali, cortou isso e aquilo até chegar a R$ 3.000,00, - franziu a testa! -, vou ter que fazer sozinho, sem ajudante, pra ver se sobra ao menos o do transporte.

O Chico é assim, conhece muita gente influente, para os quais presta serviço: doutor, comerciante, médico, advogado e até pastor da sua religião, mais deixa soltar entre uma palavra e outra: “Rapaz, ô gentinha pra gostar de ganhar dinheiro nas costas dos outros!,  pra pagar um trabalho, ô dificuldade, paga chorando e resmungando!

Lá vai o Chico pra sua igreja, talvez procurando respostas para entender as pessoas que tentam usurpá-lo no dia a dia.

Passei algum tempo sem ver o Chico, coisa de um mês e meio. Certo dia sua mulher ia passando, perguntei?

- Cadê o homem?

- Ah seu menino, está operado , é hérnia bem no pé do umbigo, tá com duas semanas parado, tá lá jogado numa cama, não pode andar direito o senhor sabe!, subir essa ladeira é muito difícil pra ele.

Explico a rua: A rua onde moro, tem um formato côncavo, eu moro na parte alta e o Chico no início da ladeira, pro lado direito a onde coloco a minha cadeira.

- Mande um abraço pra ele, desejando-lhe pronto restabelecimento, "falei!”. E fiquei pensando, como ele vai conseguir manter a família, pois vive das empreitadas que faz no dia a dia, e inválido do jeito que estava,  tudo ia ficar mais difícil. A mulher sofre de diabetes, só vive doente e não pode ajudá-lo.

Passado uma semana, desde a última vez que falei com a sua mulher, numa manhã de segunda-feira, por volta das 10:00h, tinha acabado de chegar da caminhada que faço todos os dias, estou lá sentado em frente de casa, olho para minha direita, a uns 60m subindo a rua, com muita dificuldade e com passos bem lentos, se arrastando mesmo, esse é o termo, fazendo muita careta; lá vem o Chico Manta, me deu dó de vê-lo naquela situação, segurando a barriga com as duas mãos, parecendo e querendo mesmo proteger o lugar da operação, um pouco pálido e com a barba crescida e esbranquiçada, tinha aparência muito abatida. Chegando perto de onde estava disse:

- Vou descansar, para ver se consigo andar mais um pouco!

- Argumentei! "Chico aonde tu vai cara, não estas recuperado"!

- É seu Mário, tenho que ir procurar alguma coisa para comer, lá em casa não tem nada e estou sem poder trabalhar; a situação está tão difícil que dá até vontade de desistir. O senhor sabe não parece um parente, um amigo, nem pra saber se eu já morri, quanto mais pra saber se tenho o que comer, vou ver se chego até a dona “Ane” (Dona de um supermercado) vê se ela me ajuda, “me fiando (termo popular, que se aplica para quem vende para receber depois) um ranchinho!".

Olhei para ele sem saber o que lhe dizer, diante de tamanha desmotivação, conseqüência da situação em que se encontrava, queria dizer-lhe alguma coisa que o animasse para reverter aquele quadro, foi quando de repente me lembrei do “Eclesiastes” é um livro da Bíblia que todos os anos releio, logo no mês de Janeiro e a cada releitura aprendo mais ensinamentos, não é que eu seja um religioso fanático e nem praticante, mas acho um livro muito sábio e cada vez mai atual apesar de haver sido escrito há mais de 2.000 anos. E uma das sabedorias que está no livro é enfatizar que “Tudo tem o seu tempo; tempo pra rir, chorar, gemer, se divertir...”; falei isso pro Chico! E acrescentei, - isso vai passar-, quando você olhar pra trás (quando o tempo passar),  estando sadio e trabalhando você vai se lembrar e dizer: Puxa estou sadio, subindo a rua quase correndo, nem parece que um dia desses eu estava tão ruim de saúde. Isso que falei, quase como um “insite”, serviu também para me relembrar que tudo na vida passa, a felicidade, a dor, a tristeza, por isso, como diz o "Eclesiates" temos que viver o presente, o agora; a eternidade se manifesta quando se vive a plenitude do presente.

Ele me olhou e com um leve sorriso, como que se lembrando do que estava guardado lá no seu íntimo e me respondeu: “É MESMO SEU MÁRIO, COM JESUS É SÓ VITÓRIA”. Eu o olhei e senti que por um pequeno instante, no meio de toda aquela agrura, havia acontecido um momento de felicidade, a esperança surgiu, a luz no fim do túnel apareceu, aquela luz que ilumina os nossos caminhos, alguma coisa havia acontecido a partir do nosso diálogo, alguma coisa que nos intuía: “Vá, vá em frente sem medo, eu lhe guio, sei da sua fragilidade, deixa que eu lhe protejo, lhe guardo, não tenhas medo”, foi então que me lembrei de uma frase que não sei o autor mas que me dá muita força também: “Está com medo?, não olhe para frente com medo, olhe para o alto com fé”.

Após o nosso diálogo o Chico foi se retirando, já não parecia mais o mesmo de alguns instantes atrás, nem mesmo se arrastava, caminhava com certa dificuldade, mas notei que o seu ânimo era outro, então lhe disse: “Ei Chico, gostei da sua frase - COM JESUS É SÓ VITÓRIA”.

Eu guardei a sua frase comigo, mais uma com certeza, mais essa tinha um nome de alguém, que nos ensinou a viver com esperança, alguém que passou por todas as dificuldades, foi perseguido, torturado, injustiçado, tinha poder, entretanto nunca usou a seu favor, a sua arma, contra aqueles que os tinha como inimigo era o PERDÃO.

O Chico me fez refleti que nós temos todos os antídoto para os momentos difíceis que passamos na vida, todavia, as vezes é necessário que alguém nos lembre daquilo que está guardado no nosso mais profundo íntimo e do que aprendemos e a partir daí passamos a encarar a vida de maneira mais leve e feliz, desfrutando-a e assimilando apenas o seu lado bom, agradecendo a DEUS pelos momentos difíceis, porque é neles que vamos colher os mais firmes ensinamentos. Aliás “Paulo já escrevia: “TUDO CONTRIBUI PARA AQUELES QUE ACREDITAM EM DEUS”

Entrei para minha casa, olhei para o tempo, esperando que não chovesse a tarde, pois estaria ali na calçada com a minha cadeira desfrutando a vida e os momentos que nos são proporcionados e com certeza relembrando e aprendendo cada vez mais entre um gole e outro de café.